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No período de pandemia, com isolamento social, sobrecarga no trabalho e incerteza sobre o futuro, o lado emocional das pessoas pode ficar abalado. Neste momento, a meditação é uma das estratégias para lidar com os desafios psicológicos do dia a dia. Seja por conta própria, por meio de aplicativos ou em templos, a prática ajuda o corpo a relaxar e diminuir o estresse, além de manter boas energias, desenvolver habilidades como concentração, tranquilidade. Segundo especialistas, a alternativa é válida e, quando alinhada com outras atividades, pode até amenizar quadros de ansiedade e irritabilidade.

Respire. Expire. Concentre-se. São os comandos que Clara Lobo, 20 anos, escuta e segue todo dia antes de dormir. A universitária conhece a prática da meditação desde 2017, mas, foi durante a pandemia que inseriu a atividade na rotina. Segundo ela, o ritual noturno vai desde a preparação do ambiente até os exercícios, guiados, geralmente, por áudios de um canal do YouTube. Depois que se acostumou, a jovem afirma que não consegue ficar um dia sem praticar. “Ajuda a melhorar o foco e a respiração. Meu sono melhorou bastante, além da relação que tenho comigo mesma”, explica.
Além dos benefícios gerais, Clara percebeu uma melhora nos quadros de ansiedade e síndrome do pânico — que haviam se agravado desde o início do isolamento social. “Comecei a me sentir mais tranquila, paciente e positiva em relação ao meu dia e às minhas atividades. Com isso, minha saúde mental melhorou, também”, considera. Ela afirma que, desde que incorporou a meditação no dia a dia, não teve mais recaídas. “Faz tempo que os sintomas da ansiedade e síndrome do pânico não atacam. Fico muito feliz com isso”, conta.
A percepção de Clara sobre a melhora na saúde mental não é por acaso. De acordo com a psicóloga Raquel Manzini, a meditação oferece uma maior conexão com o momento, nova forma de olhar o mundo e foco no que é importante. Com isso, a pessoa consegue relaxar e controlar crises de ansiedade e irritabilidade, por exemplo. “É uma prática extremamente válida, pois auxilia na aceitação da realidade. A partir do momento que a pessoa aceita e enxerga o momento que está vivendo, ela é capaz de encontrar a melhor maneira de lidar com os problemas do dia a dia”, explica.
De acordo com a profissional, é comum que, durante a pandemia, as pessoas desenvolvam síndromes e quadros como os de depressão, ansiedade e irritabilidade. Raquel ainda afirma que uma mente malcuidada pode influenciar o desempenho do indivíduo em outras atividades. “A falta da saúde mental rompe todos os outros pilares da vida. Ela é a base para se ter saúde física, alimentar, realizar atividades profissionais ou sociais. É como um prédio que perde a base”, esclarece.
A própria Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceram os efeitos da crise sanitária no bem-estar psicológico das pessoas. Ainda em maio, as autoridades afirmaram que os cuidados com a saúde mental faz parte das medidas de combate ao novo coronavírus e, por isso, deviam ser intensificadas.

O primeiro passo

Qualquer pessoa pode começar a meditar. Segundo o monge Sato, responsável pelo Templo Shin Budista Terra Pura, em Brasília, apenas é necessário ter vontade. “A meditação, assim como a filosofia budista, é possível a todos e todas”, diz. Monge Sato afirma que a atividade ajuda na qualidade de vida e na concentração. “Gosto de dizer, durante as aulas guiadas, que a meditação deixa a mente limpa e tranquila, como o céu de Brasília. Tudo para se centrar no presente e desejar o bem para o futuro”, esclarece.

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